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Textos

A face humana é igual à daqueles deuses orientais: várias faces sobrepostas em diferentes planos, e é impossível vê-las todas de uma só vez (Marcel Proust)    

© Renato Roque

 

Espelhos Matriciais é um projecto fotográfico desenvolvido a partir da dissertação de Mestrado Multimédia como o mesmo nome, apresentada na FEUP em Julho de 2009.

Existe um consenso de que os humanos desenvolveram mecanismos especializados para aprender, memorizar e reconhecer rostos. Estes mecanismos sofisticados parecem ter desempenhado um papel relevante na sobrevivência e no desenvolvimento da espécie. 

Relacionado como esta visão tem havido na área da computação da imagem trabalhos de investigação, utilizando técnicas estatísticas para tratamento de dados, para desenvolver novos algoritmos que permitissem a criação de aplicações de reconhecimento automático de imagens.

A capacidade da fotografia em congelar o tempo e o espaço continua a ter hoje, apesar da vulgarização da imagem, uma aura quase de feitiçaria. A fotografia tem também desempenhado um papel central em todos os procedimentos de identificação. O retrato continua a ser fundamental em qualquer bilhete de identidade. 

A constatação de que seria possível utilizar técnicas estatísticas para calcular, a partir de uma Base de Dados de retratos, um conjunto de componentes fantasmagóricos que permitem depois reconstruir todos os retratos – os que pertencem à BD utilizada ou mesmo qualquer outro retrato – bastando para tal somar os componentes na proporção correcta, representou uma magia nova a somar à magia da fotografia. Pensar que poderão existir no cérebro humano mecanismos semelhantes para optimizar o reconhecimento de rostos é uma maravilha ainda mais surpreendente. 

 

Espelhos Matriciais utilizou uma BD de 400 + 39 retratos: de amigos, de conhecidos e sobretudo de desconhecidos da Universidade do Porto que aceitam ser fotografados. A tese apresenta o resultado desse projecto, demonstrando que este processo de factorização de rostos permite reconstruções perfeitas para rostos da BD e reconstruções com um erro suficientemente pequeno para outros retratos, podendo possibilitar, mesmo neste caso, um reconhecimento quase perfeito. Demonstrámos que os humanos conseguem reconhecer retratos reconstruídos com muito poucos componentes – cerca de 20 – utilizando uma técnica que desenvolvemos, associando PCA (Principal Component Analysis) e ICA (Independent Component Analysis).

Baseado neste trabalho estão planeados vários projectos fotográficos a desenvolver. O primeiro projecto, apresentado neste site, foi realizado no contexto da apresentação da tese em Setembro/Outubro 2009 na FEUP. Depois disso foi já apresentado em diversos locais.

 

Este site reúne também um conjunto de textos escritos por gente amiga, que eu admiro, e que se dignaram ser meus cúmplices nesta nova aventura.

 

Quem pretender mais informações sobre o processo utilizado pode fazer o download do pdf do desdobrável feito para a exposição ou, se pretender ainda informação mais detalhada, pode fazer o download do texto da tese de dissertação.

Existe ainda uma descrição do processo no site Arte e Matemática da FCUP (em construção)

Renato Roque, Outubro 2009