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PROJECTO HOLLYWOOD - ver algumas imagens

 

 

Pela verdade absoluta, que a fotografia ainda parece conter, associamos quase sempre a ideia de cenário não à fotografia, mas ao teatro, ao cinema, ou nos nossos dias à televisão, arte refinada da suprema ilusão. Um cenário implica artificialidade, mentira, engano, ilusão. No entanto, o cenário constituiu também um elemento importante na história da Fotografia.  Basta lembrarmo-nos dos retratos  em estúdio dos primórdios da Fotografia no século XIX,  onde se utilizavam telas pintadas como cenários, para criar o ambiente que o fotógrafo e/ou o fotografado pretendiam. O cenário também acaba por estar presente nas fotografias encenadas de muitos fotógrafos: Duane Michals, Joel-Peter Witkin, Cindy Sherman ou Francesca Woodman, só para citar alguns muito conhecidos. E observamos que também, muitas vezes, o cenário está na fotografia como um não cenário ou mesmo como um anti-cenário, como acontece nas famosas imagens de Richard Avedon.  Avedon transportava sempre consigo uma tela branca, que montava por detrás dos retratados, para conseguir aquele efeito quase irreal, de se situar fora de qualquer contexto, nos seus poderosos retratos.

No projecto fotográfico Hollywood a ideia de cenário, paradoxalmente, não resulta de alguma ilusão introduzida e nem sequer intuída nas imagens, mas sobretudo de algo que poderíamos chamar quase uma sobre-realidade que se impôs naturalmente e sem quaisquer artifícios. As imagens parecem ser mais reais do que o real, se tal pode ser dito, como se o real fosse construído como cenário para ser fotografado.

O real, como se de cenários hiper-realistas para cinema se tratasse. Daí Hollywood.

Encontramos afinal surpreendentemente nestas imagens de barragens um mundo de ilusão. Não o mundo de ilusão que a energia produzida nas turbinas eléctricas proporciona mas casas, nos teatros e nos cinemas, mas uma  ilusão criada por esse processo misterioso, que congela o tempo e aprisiona o espaço, chamado Fotografia.

 

© Renato Roque, 20111